Na última terça-feira, quando uma grade de 1,25 m x 0,55 m despencou de oito metros de altura dentro da sede da Biblioteca Nacional, no Rio, o presidente da instituição, Galeno Amorim, estava em reuniões em Brasília.
Infográfico: Por dentro da Biblioteca Nacional
Aumento de ações dificulta avaliação, diz Fundação Biblioteca Nacional
Aumento de ações dificulta avaliação, diz Fundação Biblioteca Nacional
Ele continuava lá no dia seguinte, quando funcionários fizeram, na frente do centenário prédio carioca, o segundo protesto do ano pelas más condições do lugar -que atingiu alto nível de degradação neste ano, com infiltrações e problemas elétricos.
Daniel Marenco/Folhapress | ||
Coleção no setor de periódicos da Biblioteca Nacional |
Desde que assumiu a Fundação Biblioteca Nacional, em 2011, o paulista Galeno Amorim, 50, tem dividido seus dias entre atribuições na sede da instituição e uma série de viagens a trabalho, inclusive a outros países.
A rotina, que difere da que seus antecessores tiveram no cargo, decorre da transferência - iniciada em 2011 e concretizada em abril deste ano- de todas as políticas públicas de livro, leitura e literatura do país para a instituição.
A instituição acumulou funções como modernizar bibliotecas, internacionalizar a literatura brasileira e formar agentes de leitura, além do já enorme trabalho de preservar a memória do país.
Com isso, a gestão de Galeno passou a ser criticada por descuidar do básico: a biblioteca e seu acervo.
Ao mesmo tempo, projetos anunciados com alarde, como o Programa do Livro Popular, nem saíram do papel.
O apoio à cadeia produtora do livro e a internacionalização da literatura brasileira, outras marcas da atual administração, são elogiados pelo mercado e por autores, mas servem de munição adicional aos críticos do que seria descaso com a biblioteca.
ACÚMULO
Em novembro, dois meses após assumir o Ministério da Cultura, Marta Suplicy contestou, em entrevista à Folha, a ampliação das atribuições da FBN, tema que divide especialistas em políticas públicas.
Questionada se a FBN é a instância mais adequada para cuidar das políticas de livro e leitura, disse: "Não é. Não acho [que seja]. Estou estudando por que foi feito desse jeito e como seria se a política do livro voltasse para Brasília. Não decidi ainda, mas estou reavaliando".
Galeno Amorim diz ter "posições rigorosamente parecidas" com a de Marta. "A junção dessas áreas na FBN fortaleceu as políticas de livro e leitura. Mas acredito que seja importante uma instituição para cada uma das coisas."
Segundo ele, ainda estão sendo formadas condições para a criação do Instituto do Livro, que seria voltado especificamente a essas políticas. "A meta é mostrar resultados. Cabe à ministra avaliar se o momento é oportuno."
Colaborou MARCO AURÉLIO CANÔNICO, do Rio
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