quinta-feira, 8 de novembro de 2012

No Rio, Justiça lacra universidade em estação de metrô e afeta mais de mil alunos


Mais de mil alunos da UniverCidade, uma das principais instituições privadas de ensino superior do Rio, foram afetados com o fechamento da unidade Carioca, localizada no interior da estação de metrô de mesmo nome, no centro da cidade.
A concessionária Metrô Rio move desde 2009 ação judicial contra a instituição por falta de pagamento do Termo de Permissão de Uso. A Galileo Educacional, que administra a UniverCidade, esperava reverter na última segunda-feira (5) a decisão, mas a unidade permanece lacrada.
Segundo relato de estudantes, no dia 30 alguns professores e estudantes já estavam na unidade quando chegou a ordem de desocupação. O estudante de Tecnologia em Rede e diretor do DCE da unidade Carioca da UniverCidade Anderson Pereira, 26, conta que ficou sabendo do fechamento pelas redes sociais.
“A UniverCidade enviou emails avisando aos estudantes, mas muitos, como eu, não receberam. Eu fiquei sabendo pelas redes sociais. Alguns professores entraram em contato também com os alunos”, disse.
Os alunos transferidos passaram a assistir a aulas em outra unidade da UniverCidade e em unidade da Universidade Gama Filho também administrada pelo grupo Galileo Educacional, ambas no centro do Rio.  Para a estudante de administração e membro do DCE, Vanessa Silva, 28, a transferência para outra instituição não poderia acontecer.
“Mesmo administradas pelo mesmo grupo, essa mudança é irregular. São universidades diferentes, cada uma com seu método de ensino e grade curricular. Os alunos estão desorientados”, afirmou.
A ausência de laboratórios para aulas de informática nas duas unidades para onde foram transferidos os alunos é o principal prejuízo apontado pelo diretor do DCE. Segundo Pereira, os laboratórios são inadequados para aulas de informática.
“O laboratório da unidade da Carioca era preparado para aulas de Tecnologia, com servidores, roteadores. Agora nós estamos trabalhando com computadores preparados para nível de usuário comum, além do espaço da sala ser menor. A qualidade dos professores não diminuiu porque são os mesmos, mas perdemos o acesso a um laboratório adequado pelo menos até que essa situação se resolva”, disse Pereira.
Ainda segundo ele, não houve até o momento manifestação coletiva de estudantes com a intenção de processar a UniverCidade. “Os alunos estão aguardando o encerramento do ano letivo. A maioria são alunos antigos, já que não teve vestibular este ano. A maior preocupação do DCE é que não haja greve para que não sejamos prejudicado”, afirmou.

Histórico

Em 2011, o MEC desautorizou a UniverCidade a abrir novas vagas por nota baixa no Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes) por três anos consecutivos.
A Galileo Educacional e a Metrô Rio foram procuradas por esta reportagem. A concessionária informou que não iria se pronunciar sobre o caso.  A administradora da UniverCidade não respondeu ao contato desta reportagem.

Crise

Em abril deste ano, os professores das universidades administradas pela Galileo Educacional cruzaram os braços em uma greve que durou um mês. De acordo com os docentes, parte dos salários de dezembro, janeiro e março e também o 13º salário de 2007 estavam atrasados.
Em maio, foi a vez dos alunos protestarem. Cerca de mil estudantes fizeram manifestação no campus da Gama Filho na Piedade, bairro da zona norte do Rio, contra a falta de infraestrutura da unidade e a demissão de professores e aumento das mensalidades. Banheiros sem água, lixo acumulado nas salas de aula eram algumas das reclamações. O protesto foi encerrado em uma reunião com a reitoria, que prometeu melhorar as instalações da unidade.

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