VIOLÊNCIA NÃO É SÓ QUEIMAR ÔNIBUS, ATIRAR EM POLICIAIS OU CIVIS INOCENTES
A amplitude do conceito de violência é fácil de estabelecer.
Abrange não só aqueles atos que causam pasmo e terror à população, porque atingem veículos, prédios de delegacias, policiais e civis inocentes.
Violência também pode se dar por omissão administrativa, quando:
- se deixa gente presa a ser tratada de forma perversa e impiedosa, contraindo doenças e um monte de outros vícios em cadeias infectas, as quais, de modo algum, contribuem para a ressocialização de quem já delinqüiu;
- a população que paga tributos é deixada à míngua de serviços essenciais, como os de saúde, assistência social e ensino de qualidade;
- políticos fazem promessas incontáveis, no curso das campanhas eleitorais e, depois de eleitos, simplesmente debocham do povo, cometendo estelionatos eleitorais, os quais não são punidos, eis que o Ministério Público se porta de forma conivente com o deboche, como se o comportamento dos políticos fosse a coisa mais normal e não ilícita;
- numa capital voltada para o turismo, se permite que, em áreas onde a rede de esgoto está instalada e pronta a coletar dejetos para tratamento, moradores e comerciantes jogam seus despejos na rede pluvial ou em cursos d'água, propagando doenças para moradores locais e visitantes, sob o olhar complacente dos gestores públicos e do Ministério Público;
- a polícia, desbordando da autoridade que lhe é cometida pelo Estado, ao abordar cidadãos, age de forma truculenta e abjeta, sem que os infratores sofram punições efetivas;
- os gestores públicos se negam a negociar melhores condições de trabalho para os servidores públicos lotados em setores essenciais ao bem estar social, mantendo o Estado remuneração tão baixa que atenta contra a dignidade dos educadores, dos trabalhadores na saúde, dos policiais e de outros agentes públicos, sob o argumento falacioso de que não há recursos para atender às postulações das categorias que vindicam melhorias, enquanto, de outro lado, carreiam volume assustador de dinheiro para, comprando publicidade desnecessária, manter a grande mídia cooptada e silente;
- sendo o país uma república, o Estado se posta ao lado das religiões, desviando recursos (que poderiam ser colocados a serviço do universo de cidadãos/contribuintes) para comprar a simpatia de pregadores dos mais diversos cultos;
- os serviços públicos fazem concursos e depois de comer a taxa de inscrição de um enorme contingente de pessoas, não contratam ninguém , ou contratam sem obedecer a classificação e nada acontece aos gestores, se os injustiçados não se valerem de manados de segurança, porque poderes constituídos, que deveriam agir contra situações da espécie, ficam na moita;
- o Estado concede reajuste de vencimentos a certas categorias do Judiciário e deixa outras sem qualquer aumento;
- o Estado - incluindo o Poder Judiciário - explorar pessoas que estão estudando (os estagiários), sem que lhes reconheça qualquer vínculo e sem lhes dar qualquer garantia, pagando-lhes contraprestação irrisória e a sociedade aceitar tal estado de coisas sob o argumento pueril de que o estágio abrirá oportunidade aos explorados;
- o Estado - incluindo o Poder Judiciário - explorar pessoas que estão estudando (os estagiários), sem que lhes reconheça qualquer vínculo e sem lhes dar qualquer garantia, pagando-lhes contraprestação irrisória e a sociedade aceitar tal estado de coisas sob o argumento pueril de que o estágio abrirá oportunidade aos explorados;
- políticos que se elegem sob o pretexto de bem representar os interesses coletivos, passam a agir apenas, e tão somente, no interesse próprio e em favor de grupos econômicos dominantes, enquanto são pagos com o dinheiro de todos, sob o olhar meramente contemplativo do Ministério Público;
- a grande maioria das cidades não é dotada de serviço de coleta e tratamento de esgotos, permitindo-se a proliferação de doenças, que irão vitimar crianças e adultos, superlotando os hospitais, sem que o Ministério Público tome qualquer atitude com o desiderato de forçar o saneamento;
Poderia continuar a arrolar, aqui, muitos outros exemplos de omissão que configuram formas criminosas de lesa interesse coletivo, mas os exemplos acima já chegam já são suficientes para demonstrar quem são os verdadeiros responsáveis pelos quadros caóticos permanentes (e não momentâneos) de violência institucionalizada que afeta a população.
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