quarta-feira, 14 de novembro de 2012

120 PEGADINHAS EM LÍNGUA PORTUGUESA - MAIS DA 21 A 40.

Pegadinha 21

Viemos aqui, nesta hora, expressar nosso agradecimento pelo grande favor que nos fizeram.  

Neste caso, apresenta-se um verbo comumente usado de maneira errada em algumas de suas formas. Nesta oportunidade falaremos apenas sobre um desses deslizes cometidos com o uso indevido do verbo vir. Ninguém diz: "estivemos aqui, nesta hora." Diz-se, porém, no tempo certo: "estamos aqui, nesta hora." Se é "nesta hora" que o fato ocorre, então, o verbo deve estar no presente.

Então, depois da correção, tem sua frase inicial assim escrita:  

Vimos aqui, nesta hora, expressar nosso agradecimento pelo grande favor que nos fizeram.  
 

Pegadinha 22

O político que se pode confiar ainda não nasceu.  
Este é erro próprio da fala popular, linguagem que  não está nem aí para a regência verbal. Erros desse tipo são muito explorados em provas de vestibulares e concursos públicos. Esteja alerta, caro leitor. A regência do verto confiar exige a preposição em, pois quem confia, confia em alguém, e não confia alguém.

Este tópico, depois da correção, tem sua frase inicial escrita assim:  

O político em que se pode confiar ainda não nasceu.  
 

Pegadinha 23

Traze-me uns pastelzinhos.  

Neste tópico, focalizamos um aspecto muito explorado em provas de vestibulares e concursos públicos - o plural dos diminutivos em -zinho -, que é feito do seguinte modo:
A - leva-se o substantivo ao plural em seu grau normal: pastéis;
B - retira-se o s final: pastei;
C - acrescenta-se -zinhos, e pronto: pasteizinhos.

Outros exemplos:  
pãezinhos
carreteizinhos
limõezinhos
caracoizinhos
aneizinhos

Depois da correção, a frase correta fica assim:  

Traze-me uns pasteizinhos.  


Pegadinha 24
O relógio marcou meio-dia e meio.  

Esta  pegadinha que, de vez em quando, figura em provas de vestibular e concurso, sempre acaba tirando candidatos do páreo. A palavra que se refere a horas é meia e não meio. Diz-se nove horas e meia, vinte horas e meia e assim por diante.  Então, depois da correção, temos a seguinte frase:  

O relógio marcou meio-dia e meia.   
 

Pegadinha 25

Ao comer, tenha cuidado com os espinhos de peixe.  

Esta pegadinha apresenta mais uma popularização errônea de uma palavra. Peixe não tem espinhos. Isso é próprio de certas plantas e, quando muito, do porco-espinho. Peixe tem espinhas. É bom estar preparado para a ocorrência de casos como o desta dica, em provas de vestibular e concurso. 

Então, depois da correção, temos a seguinte frase: 

Ao comer, tenha cuidado com as espinhas de peixe.  
 

Pegadinha 26

Nossa situação está russa.  

Esta pegadinha  nos adverte para não confundir estado físico ou mental com estado político. Russa refere-se à Rússia. Quando se quer dizer que a situação está feia, diz-se que está ruça (com ç), que significa a cor pardacenta, escura. Em provas de vestibular e concurso, não é raro questões desse gênero.  

Então, depois da correção, temos a seguinte frase:  

Nossa situação está ruça.  
 

Pegadinha 27

O juiz leu os 3º, 4º e 5º parágrafos.  

Eis um tema frequentemente cobrado em provas de vestibular e concurso — a concordância nominal. A frase em destaque, acima, está mal formulada quanto ao aspecto da concordância nominal. Mesmo que haja uma lista ou uma série de elementos antes do artigo, este deve concordar com o elemento mais próximo. O artigo deve ficar no singular, diante de palavra no singular. 

Exemplos:  
Este cartório serve a 2ª e 3ª varas de família. 
A revogação atingiu o 4º, 5º, 6º e 7º artigos da antiga lei. 
Estamos discutindo o I e II itens do contrato. 
A 1ª, 2ª e 3ª séries terão aulas de educação física.  
Então, depois da correção, temos a seguinte frase: 

O juiz leu o 3º, 4º e 5º parágrafos.  
 

Pegadinha 28

O chefe reclamou porque a secretária não tinha entregue o relatório.  
Nesta pegadinha, temos que considerar que existem duas línguas faladas no País — a culta e a popular. Esta é falada sem nenhuma preocupação com o idioma, enquanto aquela cujo conhecimento é exigido em provas de vestibular e concurso, subordina-se às normas da língua portuguesa falada no Brasil.  O verbo entregar possui dois particípios — entregue e entregado. Com os verbos ter e haver, usa-se entregado. Por outro lado, a forma entregue é usada com os verbos ser e estar. 

Exemplos:  
A moça não havia entregado o bilhete. 
João já tinha entregado as passagens. 
Uma lista nova é entregue todas as manhãs. 
Não se preocupe, a encomenda foi entregue. 
A mercadoria está entregue.  
A frase acima, depois de corrigida, fica assim:  

O chefe reclamou porque a secretária não tinha entregado o relatório.   
 
 
Pegadinha 29

Ele se acorda às seis horas todos os dias.  

Nesta frase o pronome  se está tornando a frase incoerente, isto é, o emprego desse pronome é inadequado. Em provas de vestibular e concurso público, esse tipo de ocorrência provoca a chamada incoerência textual ou linguagem inconsequente. 

Ninguém acorda a si mesmo! Cada indivíduo, simplesmente,  acorda ou, então, é acordado por alguém, algum som alto, um terremoto etc. Agora, decididamente, acordar a si mesmo é proeza que escapa à habilidade humana.  A frase equivocada, depois de corrigida, fica assim:  

Ele acorda às seis horas todos os dias.  
 

Pegadinha 30

O governo vai criar novos impostos.  

A expressão  criar novos é da mesma família de  subir pra cima, descer pra baixo, chutar com os pés etc. Já que não é viável criar nada velho, escreva-se, pois, apenas criar, e pronto!  A frase inicial, depois de corrigida, fica assim:  

O governo vai criar impostos.  

 
Pegadinha 31

Não me importo que o Palmeiras perca.

Faz-se três construções com o verbo importar-se, sempre pronominal no sentido de ter 
importância ou interesse:  

1 - quando o sujeito for uma oração introduzida pela conjunção integrante que, o 
verbo importar deve estar no subjuntivo (exclusivamente para casos como o da 
presente dica). Exemplos:  
Não me importa que você discorde. 
            Não me importa que o partido perca.  
2 - quando o sujeito não for uma oração, usa-se somente importa, sem a 
conjunção que:  
           Não me importa a derrota da Argentina.  
3 - se ao verbo seguir a preposição com, emprega-se importo, forma do presente 
do indicativo. Exemplos:  
          Não me importo com tuas lamúrias. 
          Não me importo com frescuras.  
Outros exemplos em outros tempos verbais:  
          Não me importará que ele vença a competição. 
          Não me importaria que Márcia dissesse a verdade. 
          Naquela época, não me importava que a economia fosse mal. 
          Não me importaram os elogios baratos. 
          Não me importou a vitória inglesa. 
          Não me importarei com divertimentos banais. 
          Não me importava com coisa alguma.  
Depois da correção, a frase fica assim: 

Não me importa que o Palmeiras perca.  
  

Pegadinha 32

A palestra agradou os congressistas.  

Esta é uma questão de transitividade verbal. O verbo agradar, usado como transitivo 
direto, significa fazer carinho, mimar, enfim fazer as vontades. 

Exemplos:  
A mãe agrada o filho recém-nascido, a fim de que ele pare de chorar. 
A namorada agrada o rapaz, com elogios e atenções desmedidos.  
Conforme exposto acima, palestra nenhuma poderá agradar os congressistas ou quem 
quer que seja.  
Uma boa palestra, mas só se for boa mesmo, poderá agradar aos congressistas (note a 
preposição  a); pois o verbo  agradar, usado como transitivo indireto, significa 
corresponder à expectativa, satisfazer, produzir agrado. Veja outros exemplos de 
frases com o verbo agradar, empregado como transitivo indireto. Exemplos:  
O filme agradou aos estudantes. 
A prova agradou aos candidatos. 
O resultado não agradou a mim.  

A frase inicial, depois da correção, se apresenta assim:  

A palestra agradou aos congressistas.  
 

Pegadinha 33

Ganho apenas um mil reais por mês. 
 
Não se mistura um (singular) com mil (plural). Com mil só se usam os numerais dois, 
três, quatro e os que exprimirem valor superior.

Exemplos:  
Comprei mil quilos de farinha. 
Vendemos mil quilos de peixe, 
Transportamos dois mil suínos para o Nordeste. 
Trouxemos seis mil sacas de cimento.  

A frase inicial, depois da correção, fica assim:
  
Ganho apenas mil reais por mês.  


Pegadinha 34

O time perdeu porque seu centroavante não chutou em gol durante toda a partida.  

Neste caso, quem acaba perdendo, verdadeiramente, é quem diz ou escreve uma frase 
dessas, desperdiçando a oportunidade de calar-se. O verbo chutar admite as seguintes 
regências: chutar a, chutar para, chutar contra ou, simplesmente, chutar. Exemplos:  
O jogador chutou a gol. 
O jogador chutou para o gol. 
O jogador chutou contra o gol. 
O goleiro chutou para fora. 
O jogador chutou acima da trave. (E não: ... em cima da trave.)  
A expressão dar chutes pode ser usada, também, com a preposição em. Exemplos:  
O jogador deu chutes na bola contra o gol adversário. 
A criança dava chutes na porta.  
A frase inicial, depois da correção, fica assim:  

O time perdeu porque seu centroavante não chutou a gol durante toda a partida.  


Pegadinha 35

Ninguém sabe aonde eu moro!

Aonde somente se emprega com verbos e expressões que indicam movimento:  
E agora! Vamos aonde? 
Determinaram sua ida aonde?  
Já, para designar um local, usa-se onde:  
Trabalho onde poucos teriam coragem de trabalhar.  
A frase inicial, devidamente corrigida, fica assim:

Ninguém sabe onde eu moro!   


Pegadinha 36

A obrigação do preenchimento da guia é do próprio contribuinte!

A palavra  obrigação exige um tipo de preposição, conforme o elemento ao qual se refere. Referindo-se a nomes, no sentido de fazer uma determinada ação,  obrigação exige a preposição a. Referindo-se a verbos, exige a preposição de. Já, referindo-se a nomes, usada sempre no plural (obrigações), no sentido de compromisso, exige a combinação das preposições para com. 

Exemplos:  
A obrigação ao alistamento militar é intransmissível. (fazer o alistamento) 
A obrigação de pagar as custas é do requerente. 
Todo técnico de futebol tem obrigação para com seus jogadores.  
A frase inicial, depois da correção, fica assim:  

A obrigação ao preenchimento da guia é do próprio contribuinte!


Pegadinha 37

Toda a mulher casada deveria saber dirigir automóvel.  

Toda a (note a presença do  artigo) significa  inteira. Depois desse entendimento, a frase 
parece esdrúxula da cabeça aos pés!  
Toda (note a ausência do artigo) significa qualquer. Agora, sim, a frase passa a ter sentido, 
pois se quer referir, na frase inicial, a qualquer mulher, e não à mulher inteira.  
Veja os seguintes exemplos:  
Todo homem deveria falar uma língua além da materna. (qualquer homem) 
Todo o homem tremia de frio. (o homem inteiro) 
Toda a cidade festejou a vitória do time. (a cidade inteira) 
Toda cidade tem problemas com drogas. (qualquer cidade)  
A frase inicial, depois da correção, fica assim: 

Toda mulher casada deveria saber dirigir automóvel.   
 

Pegadinha 38

Se você ver o Marcos, diga-lhe que a data do concurso foi adiada!  

Esta frase representa uma pedra no sapato para muitos candidatos. O futuro do 
subjuntivo do verbo ver faz-se assim: vir, vires, vir, virmos, virdes, virem.  
A frase inicial, depois da correção, fica assim: 

Se você vir o Marcos, diga-lhe que a data do concurso foi adiada!  
 

Pegadinha 39

Depois que ouvi a notícia, fiquei curioso por conhecer aquela cidade.  

Eis um equívoco no uso da regência nominal.  Curioso e  curiosidade pedem a preposição de para unirem-se a seus complementos. Algumas vezes, ficamos curiosos de ou temos curiosidade de alguma coisa, porém jamais por alguma coisa.

Exemplos:  
Curioso de saber por que errava tanto, resolvi ler mais e estudar português. 
Curioso de vê-lo chegar àquela hora, quis saber onde estivera. 
A curiosidade infantil de entender como o rádio funcionava levou-o à faculdade de 
engenharia, na qual destacou-se como o mais qualificado aluno.  
A palavra  curioso pode ser usada sem complemento. Algumas pessoas são levadas a 
confundir a regência nessa construção, achando, erroneamente, que curioso pede a 
preposição por. 

Exemplo:  
Sou curioso por estar sempre inquieto.  
Levando a frase acima à ordem direta, comprova-se que a preposição não é exigida pela 
palavra curioso, mas apenas é parte integrante do adjunto adverbial de modo:  
Por estar sempre inquieto, sou curioso.  
A frase correta seria:  

Depois que ouvi a notícia, fiquei curioso de conhecer aquela cidade.  
  

Pegadinha 40

Na prova, pediam-se cálculos difíceis de resolverem.  

A presente frase apresenta erro no uso do infinitivo. Não se flexiona o infinitivo que vem depois das expressões difíceis de, fáceis de, bons de, gostosos de etc.

Exemplos:  
Filmes difíceis de compreender. 
As explicações da professora são fáceis de entender. 
São trabalhos bons de realizar. 
Bolos gostosos de saborear.  
A frase acima estará correta, se assim for escrita: 

Na prova, pediam-se cálculos difíceis de resolver.  
 

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